segunda-feira, 2 de março de 2009

cenário: dresden

Caminhar em meio à arquitetura pesada, as árvores secas, uma revoada de corvos com seus sons sinistros, o vento agudo, e sobre tudo o céu sempre cinza. Parece estar rolando “something in the way”, e parece que alguma coisa vai realmente acontecer, mas não acontece. Sensação de expectativa frustrada, uma quase tristeza muito aconchegante. Cenários internos e externos se confundem. Histórias parecem brotar de todos os cantos, e Afonso canta suas histórias como um rapsodo em volta da fogueira, nos mostrando coisas que nenhuma câmera jamais poderá captar. Sabe que narrar é tão essencial como respirar. Ao contar histórias alimentamos um fluxo vital e invisível como o ar. Então, como se tecesse uma de suas pinturas, Afonso vaga cambaleante pela própria memória, usando como suporte o espaço real. O apartamento onde morou, o jardim de infância de sua filha, a farmácia da esquina, um supermercado, uma igreja reconstruída dos escombros, museus, as janelas de seu antigo ateliê. Cenários internos e externos se fundem, e já não há real ou imaginário. Só há o real imaginado. Não há suporte, forma ou conteúdo. Não há desfecho e nem happy end. “Uma história é só uma história, e é a coisa mais importante que existe”.

Chico de Assis.
02-03-09
Dresden - Alemanha

Um comentário:

Unknown disse...

Kd as atualizações?